quinta-feira, 23 de abril de 2009

CIDADES EM TRANSIÇÃO - 2


A VILA MARIANA É O PRIMEIRO BAIRRO DO BRASIL A APOIAR O MOVIMENTO "TRANSITION TOWNS" (CIDADES EM TRANSIÇÃO)

http://www.pedacodavila.com.br/materia.asp?mat=887
Edição: 79 - 12/2008
Por: Paullo Santos


Muitos são os desafios para vivermos em cidades e muitos são os desafios para que seja uma vivência pacífica, com qualidade, segurança e com todos os sonhos de uma vida saudável e que inclua um ambiente saudável. Para alcançar esse patamar na cidade, nos bairros, em nossa vizinhança, temos que passar por uma transição.
Precisamente no dia 29 de dezembro de 2008 – sábado às 6h da manhã, o Ecobairro acordou cedo e participou da Meditação Matinal que acontece todo sábado na Casa Urusvati. Neste dia a nossa Conselheira Lúcia Helena que mora no Rio de Janeiro conduziu uma meditação que propicia retirar os sete bloqueios que dificulta uma "Cidade em Transição", são eles:

  1. Não temos nenhum financiamento.
  2. Eles não vão deixar.
  3. Já existem grupos verdes nesta cidade e eu não quero entrar em conflito com eles.
  4. Ninguém nesta cidade se preocupa com o meio ambiente de nenhum modo.
  5. Não é muito tarde para fazer alguma coisa?
  6. Eu não tenho as corretas qualificações.
  7. Eu não tenho a energia para fazer isto.

Depois dessa Reflexão e Meditação, os coordenadores do Ecobairro foram, na mesma manhã, para uma reunião com outra Conselheira - May East - moradora da Ecovila Findhorn, que estava de passagem pelo pais à trabalho, e, também, facilitadora do Movimento Transition Towns: "Cidades em Transição". Neste encontro firmamos o compromisso de que o Ecobairro da Vila Mariana será o primeiro bairro de São Paulo e do Brasil a apoiar e facilitar esse Movimento.
O Ecobairro em seus princípios já contempla a maioria das propostas do Movimento Transition Towns, incorporá-lo é estarmos referendando nossos objetivos do que queremos para um mundo sustentável, que começa no indivíduo, depois em nossas casas, no quarteirão, no bairro e em seguida na Cidade – onde cada vez mais as Nações Unidas vem pedindo que foquemos nossas ações.

Que Movimento é este?

Ele busca reduzir o uso do petróleo da vida urbana e promover economia energética, e que cada local encontre seu modelo único de transição, na solução dos problemas da escassez do petróleo e do aquecimento global que cada vez mais se avizinha. A idéia é que cada sociedade use a criatividade para fazer a mudanças.
Para as grandes cidades, uma alternativa é fazer a transição pelos bairros, reforçando o comércio regional. Bristol, no sudoeste da Inglaterra investiu nessa perspectiva. Com mais de 400 mil habitantes, a cidade foi "dividida" em 12 partes. Cada uma delas está procurando achar sua própria solução. Também não existe um calendário coletivo para a conclusão dessa transição entre a economia baseada no petróleo global e a economia sustentável local. Cada cidade ou bairro tem a sua forma ou estratégia.
O berço do movimento, em Totnes no Sul da Inglaterra, espera concluir sua jornada em 2030. Na linha do tempo traçada pelo movimento nessa comunidade, quando a tarefa for concluída muito dos hábitos e costumes da cidade terão sido modificados. As pessoas deverão consumir produtos locais e a dieta será baseada muito mais em vegetais do que na carne. As escolas passarão a educar as crianças para as reais demandas do local e da época, cozinhar, construir casas a partir de materiais naturais e reaproveitados e a fazer jardinagem. Os conceitos de sustentabilidade e resiliência, que é a capacidade que um sistema possui de resistir a choques externos, passarão definitivamente a fazer parte do currículo. O transporte público ganha espaço e andar de carro será sinônimo de comportamento anti-social.
Existem doze passos para a transição das cidades, iremos abordá-los na próxima edição, sugerimos apenas que você que mora no Pedaço reflita sobre os sete bloqueios nesse final de ano, já que é final de um ciclo.
Que 2009 sejamos novos, com cultura, educação, saúde, economia, espiritualidade, comunicação, política e meio ambiente, os oito princípios do Ecobairro que permitem uma vida sustentável e pacífica.
Agradecemos a 2008 e que façamos uma boa transição para 2009 com muita alegria, pois só é sustentável se for divertido. Até lá!


Paullo Santos, coordenador do Ecobairro e nucleador da área de Política do projeto
Lara Freitas e Paullo Santos - Coordenadores do Ecobairro – O Planeta é a Nossa Casa ecobairrovilamariana@terra.com.br

CIDADES EM TRANSIÇÃO


http://www.pedacodavila.com.br/materia.asp?mat=906
Edição: 80 - 2/2009
Por: Lara Freitas


Leitores, Feliz 2009! – Vamos continuar nossa conversa sobre o Movimento Cidades em Transição, começado no número anterior do Pedaço, com a pergunta que Julie Ferry, do The Guardian, Reino Unido, fez aos seus leitores britânicos: "Será que paramos para avaliar o quanto os combustíveis, principalmente os não-renováveis (fósseis), afetam o nosso modo de viver e o que faríamos sem eles no horizonte de 15 anos?" Em tempos de aquecimento global e de pico do petróleo assombrando os mercados europeus, americanos e asiáticos, como nós brasileiros podemos redesenhar nossas vidas e se preparar para uma matriz energética mais limpa, que não consuma os recursos naturais e não cause um impacto negativo no Planeta? Cada vez mais devemos nos colocar no centro dessas reflexões, visualizando, projetando e usando formas de energia de baixo impacto.
Em resposta ao duplo desafio do Pico do Petróleo e da Mudança Climática, algumas comunidades pioneiras na Grã-Bretanha, Irlanda e outras localidades assumiram uma abordagem integrada e inclusiva para reduzir suas pegadas de carbono e aumentar sua capacidade de resistir à mudança fundamental que acompanhará o Pico do Petróleo. Antes que o petróleo chegue ao fim, certamente devem ser encontrados substitutos para as necessidades humanas de energia. Mas não deixa de ser motivo para reflexão o fato de o homem ter esgotado, em dois ou três séculos, o que a natureza levou até centenas de milhões de anos para criar.
Outra pergunta é: quem deve fazer essa mudança? Os governos ou as pessoas?
Quem tem a capacidade de efetivar as mudanças e promover transformações no modo de vida são as pessoas, uma vez aceitando o desafio, têm a capacidade de colocar em prática no seu dia-a-dia. Como diz Rob Hopkins, percussor do movimento no Reino Unido, "cabe a nós, em nossas comunidades locais, assumir uma posição de liderança nesse campo".
O que seria um modelo de transição? São princípios e ações definidas, a partir das experiências de uma determinada comunidade, buscando a resiliência local e uma redução das emissões de carbono. Assumir um modelo de transição requer: a consciência de que as mudanças climáticas e pico do petróleo requerem uma ação imediata; que um modo de vida baseado em menos energia requer um plano; atenção relativa a perda da resiliência e dificuldade de lidar com o impacto da energia; uma ação conjunta e imediata; consciência dos recursos finitos do Planeta; uso das habilidades e inteligência para negociar um caminho descendente de energia; e a clareza de que o planejamento e ação em tempo hábil, aliado à criatividade e cooperação da nossa comunidade, pode levar a um futuro mais pleno e rico com respeito ao meio ambiente.
Inspirados nos 12 passos observados nas experiências acumuladas do movimento de Cidades em Transição, o Ecobairro é um Programa que está preparado para promover o aumento da sensibilização dos moradores do bairro e da cidade, formar uma rede com ativistas e grupos já existentes no bairro, formar grupos de trabalho e organizar uma capacitação, promover atividades práticas ligadas à permacultura e encontros de Espaços Abertos (Open Space). Para iniciar o processo, nesse sentido, está agendada uma programação de filmes e documentários ligados aos desafios e potencialidades urbanas em nossa sede.
Outro eixo de trabalho, importante do movimento, é estar junto com os promotores de políticas públicas, criando interlocução com o governo local, principalmente junto à subprefeitura de Vila Mariana e com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente, colaborando nos avanços na direção de uma transição, principalmente através do Conselho de Desenvolvimento Sustentável, Meio Ambiente e Cultura de Paz, que está sendo regado.
Uma das premissas do movimento está baseada no respeito, principalmente aos idosos. Acrescentamos a isso também um respeito profundo às crianças que são a próxima geração dando uma atenção especial à sua formação.
O objetivo principal, e resultado das premissas expostas, é o de criar e implementar um Plano para o Declínio de Energia baseado no talento criativo da comunidade e, seguindo os critérios básicos de Design (planejamento), visando desenvolver a resiliência da vizinhança e a reduzir a pegada de carbono. Em paralelo ao movimento Cidades em Transição e também visando a preparação de pessoas para redesenharem suas realidades, estamos entrando no quarto ano do Curso Educação Gaia – Design em Sustentabilidade , as inscrições estão abertas na UMAPAZ – Parque do Ibirapuera. Vejam maiores informações no site: http://www.redegaia.net/.
Para inspirar os moradores do bairro da Vila Mariana, encerramos este texto nas palavras de Joanna Macy: "Temos de encontrar uma maneira de viver neste planeta sem fechar os olhos para o que estamos fazendo."
Lara Freitas e Paullo Santos
Coordenadores do Ecobairro - O Planeta é a nossa Casa.
http://www.ecobairro.org.br/

quarta-feira, 22 de abril de 2009

DIA MUNDIAL DA TERRA

22/04/2009 - 01h0422 de abril - Dia Mundial da Terra
Por Redação da Envolverde

Hoje é o Dia Mundial Mundial da Terra, data para pedir uma melhor interação entre os seres humanos com o planeta. Para comemorar este dia, a Envolverde publica aqui a Carta da Terra, uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Estruturada em quatro grandes tópicos (Respeito e cuidado pela comunidade da vida; Integridade Ecológica; Justiça Social e Econômica; Democracia, não-violência e paz), a Carta busca inspirar as pessoas e diferentes setores da sociedade para um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada voltado para o bem-estar de toda a família humana, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. É uma visão de esperança, mas também um chamado à ação. Sua primeira versão foi elaborada em evento paralelo à Cúpula da Terra no Rio de Janeiro (Eco-92). Após oito anos, em um processo participativo envolvendo todos os continentes e contando com a contribuição de milhares de pessoas de todas as raças, credos, idades e profissões, incluindo especialistas em ciências, filosofia, ética, religiões e leis internacionais, a versão final foi lançada no Palácio da Paz em Haia em 29 de junho de 2000. Em 2003 a UNESCO reconheceu a Carta da Terra como um instrumento chave para a educação e cultura, e a considerou como um importante marco ético para a humanidade. Boa leitura!
Equipe da Envolverde

CARTA DA TERRA

PREÂMBULO

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.

TERRA, NOSSO LAR

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

A SITUAÇÃO GLOBAL

Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

DESAFIOS FUTUROS

A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.

RESPONSABILIDADE UNIVERSAL

Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada.

PRINCÍPIOS

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA

A. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
1. Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.
2. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.

B. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.
1. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.
2. Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a maior responsabilidade de promover o bem comum.

C. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.
1. Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial.
2. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.

D. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras gerações.
1. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.
2. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo.

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA

E. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a vida.
1. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.
2. stabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.
3. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados.
4. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a introdução desses organismos prejudiciais.
5. Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas.
6. Administrar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que minimizem o esgotamento e não causem dano ambiental grave.

F. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.
1. Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou irreversíveis, mesmo quando o conhecimento científico for incompleto ou não-conclusivo.
2. Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas sejam responsabilizadas pelo dano ambiental.
3. Assegurar que as tomadas de decisão considerem as conseqüências cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das atividades humanas.
4. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.
5. Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.

G. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.
1. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.
2. Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento.
3. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias ambientais seguras.
4. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam às mais altas normas sociais e ambientais.
5. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.
6. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.

H. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido.
1. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.
2. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar humano.
3. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam disponíveis ao domínio público.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA

I. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.
1. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos nacionais e internacionais demandados.
2. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.
3. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.

J. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.
1. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.
2. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.
3. Assegurar que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.
4. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas conseqüências de suas atividades.

K. Afirmar a igualdade e a eqüidade dos gêneros como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas.
1. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.
2. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.
3. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os membros da família.

L. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.
1. Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.
2. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas com condições de vida sustentáveis.
3. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.
4. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.

IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ

M. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.
1. Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que possam afetá-las ou nos quais tenham interesse.
2. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações interessados na tomada de decisões.
3. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de associação e de oposição.
4. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais administrativos e independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.
5. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
6. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

N. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.
1. Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.
2. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade.
3. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.
4. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de vida sustentável.

O. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
1. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimento.
2. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.
3. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.

P. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.
1. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.
2. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.
3. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma postura defensiva não-provocativa e converter os recursos militares para propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.
4. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa.
5. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção ambiental e a paz.
6. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.

O CAMINHO ADIANTE

Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria.
A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva.Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o desenvolvimento.Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.
(Agência Envolverde)

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